Mesmo que a história Paulista seja contada em migalhas ou mesmo não contada por meios convencionais nos dias de hoje, a valentia e dedicação do nosso povo não pôde ser apagada. A Campanha do Ouro foi um dos nossos grandes momentos de abnegação e bravura.
Cartaz da campanha do ouro. |
Outro cartaz da Campanha do Ouro |
Os mais ricos se despiam de suas valiosas joias que, por vezes, eram cravejadas com pedras mais preciosas. Outros doavam suas louças de prata. Os mais humildes davam suas alianças e anéis de formatura, únicas peças de ouro com que contavam. Em retorno, recebiam um certificado ou um anel de latão com a inscrição «Doei ouro para o bem de São Paulo».
Saleta usada para a avaliação de donativos em um dos centros de coleta. Foto pertencente ao acervo do Museu da Imagem e do Som de São Paulo. |
Em correspondência a Marina Junqueira, uma voluntária da Casa do Soldado, sua mãe escreve:
«[…] Você tem acompanhado a Campanha do Ouro? Que assombro, não? Eu estou tão orgulhosa do meu povo! Apesar do sofrimento dos nossos soldados, eu me sinto tão contente […] Eu tinha tanto medo de que a nossa geração de paulistas não fosse bandeirante, mas felizmente são mais do que isso […] Quando faz frio e chuva, estou sempre pensando nos coitados que estão com frio, correndo risco de vida e de doença […] quando eu vejo pessoas que parecem indiferentes, dá-me vontade logo de brigar, mas felizmente há bem poucas pessoas, mesmo estrangeiros, que estejam indiferentes [...]»
Carta para Marina, de sua mãe. |
A renúncia foi tamanha que impressionou mesmo os contemporâneos daqueles Paulistas... Com organização e união ímpar, a MMDC conseguiu muitos recursos, mas não houve tempo de usá-los todos. Um dos motivos é que o nosso porto foi bloqueado logo no início da guerra, dificultando o contato com o mundo exterior. Com a assinatura do armistício, todo o resto arrecadado foi doado à Santa Casa de Misericórdia. Com isso, eles construíram um prédio de aluguel que leva a forma do maior símbolo da resistência Paulista: Nossa Santificada Bandeira. São treze andares, um pra cada listra. O mastro é uma homenagem às alianças doadas e está decorado com um capacete constitucionalista. O edifício recebeu o nome de «Ouro para o bem de São Paulo».
Que esse espírito de renúncia e abnegação esteja ainda dentro de nós. Nenhuma vitória ou derrota militar pode apagar o esforço e o amor que tivemos em 32. Precisamos desse espírito para que São Paulo exista.
Em vez de nos preocuparmos se essa geração é ou não é Bandeirante, devemos nos esforçar para ser muito mais que eles, pois São Paulo precisa de nós muito mais que nunca.
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