quarta-feira, 8 de março de 2017

10 Mulheres Paulistas que Mudaram a História


8 de Março é o Dia Internacional da Mulher e a Orgulho de Ser Paulista elegeu 10 Mulheres Paulistas Ilustres que de alguma maneira contribuíram com a Nação Paulista. Aqui temos uma diplomata, duas combatentes, uma pintora, uma política, uma esportista, duas escritoras, uma cantora e uma apresentadora de TV, baseados nas atividades principais de cada uma, já que algumas atuavam em diversas áreas. A escolha foi difícil, pois há muito mais que dez mulheres importantes na nossa história, então tivemos dificuldade pra selecionar apenas dez delas.

Confira a nossa lista e conheça essas valentes pessoas que foram capazes de mudar a realidade em que viviam:

1. Bartira (ca. 1500-1580)


Chamada de Mãe dos Paulistas, esta tupiniquim era o elo entre os portugueses e os nativos do nosso litoral. Filha do valente Cacique Tibiriçá, Bartira, também chamada de Isabel Dias após o batismo cristão, foi casada com João Ramalho, cristão-novo português que chegou a terras paulistas após um naufrágio. Dessa união nasceram os primeiros Paulistas, filhos de dois mundos diferentes. 
Bartira, ao lado do marido, ajudou a manter a paz após a primeira expedição de colonização nos domínios portugueses na América. Seus esforços ajudaram a garantir um começo pacífico e próspero a essas terras, o que possibilitou a existência de todas as outras mulheres dessa lista. 
Dela descendem muitos Paulistas nos dias de hoje. Alguns ilustres pelo mundo carregaram ou carregam seu sangue, como Antônio de Sousa Neto, homem que proclamou a República Rio-Grandense, e também Sílvia Renata Sommerlath, rainha da Suécia desde 1976.

2. Maria José Bezerra (1885-1958)

(Imagem pertencente à Sociedade de Veteranos MMDC, núcleo de Jaguariúna)

Nos idos de 32, Maria trabalhava como doméstica e quituteira em Limeira. Após a guerra estourar, chegou a afrontar o ditador Getúlio Vargas em praça pública, mas não se sentiu satisfeita com apenas isso. Pelo seu profundo amor a São Paulo, fingiu-se de homem, se alistou e foi selecionada pra combater no setor sul junto à Legião Negra. Apenas descobriram sua identidade feminina quando foi ferida e socorrida, o que lhe valeu o apelido de Maria-Soldado. 

Apesar de Bezerra ter sido saudada pelo jornal A Gazeta em 1932 e de ter sido escolhida como «Mulher Símbolo» no Jubileu de Prata da Revolução de 1932, ela permanece desconhecida pela maioria dos Paulistas. Enquanto na Espanha, Maria Pita, a mulher que saiu às ruas da Corunha convocando os cidadãos a lutarem junto a si contra os invasores ingleses, é uma das heroínas mais conhecidas do país e leva um monumento com uma chama sempre acesa, a Maria-Soldado permanece no esquecimento do seu próprio povo.

3. Tarsila do Amaral (1886-1973)

Tarsila em fotografia.





Estudada parte tanto em São Paulo quanto em Barcelona, Tarsila foi uma das maiores pintoras da história do Modernismo. Casou-se cedo e após se dar conta de que seu marido não apoiava sua independência, separou-se dele e se lançou numa corrida pela anulação do casamento – que obtém anos depois. Mulher obstinada, enfrentou o preconceito de sua época, por ser mãe solteira e adepta de novas ideias. Fazia parte do Grupo dos Cinco Paulistas que deram início ao modernismo na América Portuguesa e que executaram a Semana de Arte Moderna de 1922. Foi ainda conservadora do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo e deu início à organização do catálogo do museu. Mas perdeu o posto quando Getúlio Vargas assumiu o poder. Teve uma vida de intensas penúrias, havendo inclusive perdido sua única filha alguns anos antes dela mesma falecer. Uma das crateras do planeta Mercúrio se chama «Amaral» em homenagem ela.


4. Stela Rosa Sguassábia (1889-1973)



Stela trabalhava como professora rural em sua cidade pra que pudesse criar e sustentar sozinha a sua filha, já que seu marido havia morrido quando estava grávida. Ao estourar a guerra, disfarçou-se de homem e embarcou em segredo junto aos soldados pra que pudesse lutar por São Paulo, mas foi descoberta logo no início, tendo implorado pra não ser mandada de volta. Combateu bravamente e foi uma aquisição muito importante, sendo que certa vez deu voz de prisão a um tenente mineiro que se recusou a entregar a rendição a uma mulher.

Após a derrota, Maria Sguassábia, como era chamada, foi ameaçada de morte e perdeu o emprego de professora por ter rendido um homem importante durante a guerra. Foi perseguida pela ditadura e teve que trabalhar como costureira pra se manter, não conseguindo arrumar nenhum emprego na cidade, pois imperava um regime de medo imposto pelos interventores varguistas. Só com a queda do ditador é que ela pôde voltar a trabalhar na área da educação, como inspetora num colégio do governo estadual, em reconhecimento ao seu grande papel na História Paulista.


5. Carlota Pereira de Queirós (1892-1982)



Carlota começou a vida trabalhando como educadora e nessa área desenvolveu estudos a fim de melhorar a realidade em que estava inserida. Seus trabalhos chegaram a ser apresentados em congressos internacionais nos anos 1920. Sentindo que a educação era uma área que não avançava, formou-se médica. Especialista em hematologia, foi chefe do laboratório da Clínica Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, do serviço de hematologia da Clínica de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP, presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas e membro da Association Française pour l'étude du Cancer (Associação Francesa para o Estudo do Câncer). 

Em 1932, seus serviços como médica são de grande ajuda aos Paulistas em virtude da Guerra. Ao fim do conflito, envolve-se na oposição ao governo Vargas e ocupa uma das 22 cadeiras paulistas na constituinte, sendo a primeira mulher a chegar a tão alto cargo na América Portuguesa. Carlota seria o único nome feminino a assinar a Constituinte de 1934, ao lado de outros 252 deputados. Após a promulgação, seria eleita novamente, dessa vez pelo Partido Constitucionalista de São Paulo, e permaneceria na Câmara até seu fim, em 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso, no golpe do Estado Novo. 

Em vida, Queirós rejeitou o rótulo de feminista, dizendo apenas defender as conquista da mulher, sem participar de tais movimentos, o que lhe rendeu inimizades. Além disso, era Paulista com muito orgulho, o que lhe rendeu duras críticas e ataques por parte dos brasileiros. Chegaram a publicar no Jornal A Manhã uma foto de Carlota com a legenda «Dizem que São Paulo perdeu a revolução por falta de armas, mas estamos vendo que lá havia cada canhão!». 

Apesar dos episódios de preconceito, Carlota perseverou sempre. Ao ser eleita, declarou: 

«A minha candidatura (...) não é senão uma nova conquista da mulher bandeirante... Sou depositária dessa conquista, nada mais do que isso. Procurarei guardá-la, carinhosamente, para mais tarde, quando terminar minha missão, restituí-la à sua verdadeira dona: a mulher paulista. Na Constituinte, espero, observarei diretrizes de intérprete fiel de minhas patrícias».


6. Maria Lenk (1915-2007)



Pioneira na natação moderna, Lenk foi a primeira mulher sul-americana a participar das Olimpíadas. Ainda hoje detém vários recordes mundiais e faz parte do Hall da Fama da Federação Internacional de Natação. Ajudou a fundar a Escola de Natação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em reconhecimento aos seus feitos, o Parque Aquático dos Jogos Pan-Americanos de 2007 levou seu nome.



7. Ruth Guimarães (1920-2014)

(Imagem da Folha de São Paulo)

Poetisa e folclorista, Guimarães fez um importante trabalho na conservação e compreensão da Cultura Paulista. Pra ela, ser caipira não estava ligado à geografia, pois era antes uma condição espiritual e ontológica. Suas obras são ricas e transcendem o aspecto material da vida, sendo de extrema importância não só pra todo o Povo Paulista, mas pra todos os Povos Caipiras que se espalham pelo continente. Ruth foi a primeira escritora negra a obter sucesso em toda a América Portuguesa, em vez de ter apenas um sucesso regional, numa época em que o racismo era muito mais presente na sociedade.

Durante sua vida, escreveu inúmeros romances e colaborou com diversos jornais de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em vida era detentora da cadeira 22 da Academia Paulista de Letras. Apesar de seus méritos, permanece quase anônima fora da região em que nasceu, o que é de grande lamento pro povo de SP, que desconhece alguém que tanto contribuiu pra que nossa cultura existisse, fosse compreendida e permanecesse connosco, alguém de suma importância pra nossa Nação Paulista.



8. Lygia Fagundes Telles (1923)













Uma das maiores escritoras Paulistas de todos os tempos, Lygia é autora de livros como «Ciranda de Pedra», «Antes do Baile Verde», «As Meninas» e «As Horas Nuas». Chegou a ganhar o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França, o prêmio Jabuti, o prêmio de Ficção da Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio Camões, participando do seleto grupo de galardoados, do qual fazem parte José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andersen, Eugénio de Andrade, Jorge Amado e outros escritores ilustres. 

Ocupou a presidência da Cinemateca Brasileira e é membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa. Foi indicada ao Nobel de Literatura de 2016, mas o escolhido final foi Bob Dylan.

9. Inezita Barroso (1925-2015)


Inezita está na lista dos maiores Paulistas da nossa história. Atuante no ramo cultural, se diferenciou dos outros artistas por ter um imenso orgulho da cultura ancestral de São Paulo. A vida inteira lutou pra que ser caipira fosse motivo de júbilo, e não de vergonha. Essa mulher produziu mais de oitenta discos, entre 78 rpm, vinil e CDs. Em seus 50 anos de carreira, Inezita atingiu grande notabilidade não só em São Paulo, mas também no Brasil, no restante da América e também na África, tendo sido indicada ao Grammy Sul-Africano na categoria de artistas internacionais. 

Por ser uma enciclopédia viva de Folclore Paulista, recebeu o título de doutora honoris causa em Folclore pela Unifal, Unicapital e pela Universidade de Lisboa. Ainda recebeu o Prêmio Governador do Estado e o Prêmio Saci de melhor atriz em 1955 por sua interpretação no filme «Mulher de Verdade», o Troféu APCA em 2010 com o Grande Prêmio da Crítica em MPB, o Troféu Roquette Pinto como melhor cantora de rádio e o Prêmio Guarani como melhor cantora de disco. Além disso, foi laureada pelo governo paulista com a Medalha Ipiranga pelos serviços prestados à Cultura Paulista e em novembro de 2014, foi eleita para a Academia Paulista de Letras. Seu trabalho foi uma grande conquista pra Nação Paulista. Antes de falecer, pediu que a Bandeira de São Paulo fosse colocada sobre o seu caixão.


10. Hebe Camargo (1929-2012)



Apresentadora, cantora e atriz, Camargo era conhecida como «a estrela de São Paulo» no início de sua carreira. Durante seus anos de atuação, apresentou diversos programas em emissoras de TV como a Rede Tupi, a Rede Bandeirantes, a TV Continental, a Rede Record, a Rede TV! e o SBT. Chegou a ser convidada pela TVI de Portugal pra ter um programa na Europa, mas não pôde realizar o sonho, devido à sua saúde já abalada na época. Hebe tinha um grande coração e esteve envolvida em obras de caridade durante toda a sua vida. Morreu em 2012, deixando um grande vazio na indústria de entretenimento paulista.

Menções honrosas:

- Domitila de Castro Canto e Mello (1797-1867), a Marquesa de Santos, que teve atuação decisiva em momentos importantes da História, como na Revolução Liberal de 1842

- Francisca das Chagas Oliveira, mulher que treinou soldados e lutou no front em 1932

- Pérola Byington (1879-1963), filantropa e ativista social Paulista

- Anita Malfatti (1889-1964), uma das pioneiras do modernismo em São Paulo

- Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), «Pagu», escritora, desenhista e jornalista Paulista

- Diná Silveira de Queirós (1911-1982), romancista, autora do livro «A Muralha», que trata da História Paulista

- Helena Meirelles (1924-2005), célebre violeira nascida no MS e radicada no Oeste Paulista

- Hilda Hilst (1930-2004), uma das maiores escritoras lusófonas do século XX

- Maria Esther Bueno (1939), a maior tenista Paulista de todos os tempos

- Orides Fontela (1940-1998), escritora da «Geração de 60» homenageada com a Ordem do Mérito Cultural

- Rita Lee (1947), a rockeira Paulista de maior sucesso da história da música

Não nos esquecemos de todas as mulheres que durante toda a História trabalharam por São Paulo. Todas as mulheres que estiveram presentes no Bandeirismo, direta ou indiretamente. Todas as mulheres que deram suporte a São Paulo durante as guerras e conflitos pelos quais passamos e todas as mulheres que trabalham todos os dias por sua família, por si próprias ou pelas duas coisas, de acordo com a escolha. Esse dia é delas! Parabéns, mulheres!

Por Lucas Pupile e Vinícius Matheus

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