sexta-feira, 19 de maio de 2017

15 Grandes Obras de Pintores Paulistas

Todo mundo seguramente já ouviu falar dos grandes pintores europeus que mudaram não só a realidade de seus países, mas a do mundo. Mestres como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Delacroix etc. são muito estudados mundo afora. Mas você sabia que a Nação Paulista também produziu obras maravilhosas que são muito importantes para a nossa identificação como povo?

E por mais incrível que possa parecer aos ouvidos leigos, a Pintura Paulista é riquíssima e variada. Uma lista de apenas 15 itens não conseguiria retratar todas as nossas obras-primas. Considerem essa postagem como uma pequena mostra daquilo que produzimos, uma introdução para artigos futuros em que falaremos da obra de cada um desses pintores separadamente. 

As obras aqui colocadas não pretendem ser postas como as melhores já feitas por artistas de São Paulo, e sim como grandes obras que merecem ser citadas e conhecidas. Confiram nossas escolhidas!

1. O Apóstolo São Paulo, Almeida Júnior, 1869

Nossa lista começa com o mais antigo quadro dessa lista. Pintado por Almeida Júnior, talvez o maior pintor Paulista de todas as épocas, o quadro retrata o homem que dá nome à nossa nação, o apóstolo Paulo de Tarso. Em alegoria à luta por Cristo, o ancião serenamente porta uma espada e aos fundos é possível ver uma paisagem helênica, podendo representar qualquer um dos lugares em que o a cultura greco-romana alguma vez passou (atuais Itália, Grécia, Macedônia, Síria, Turquia etc.). Essa obra foi escolhida para abrir essa lista devido ao seu simbolismo, que nos lembra o objetivo do estabelecimento de São Paulo enquanto uma nação no até então desconhecido continente, que era ser um novo terreno da cristandade, com novas almas imersas nos valores de Cristo Jesus. 

A pintura foi uma das únicas obras religiosas de Almeida Júnior, mas carrega uma carga linda de dedicação e carinho, além de já implicitamente demonstrar o que Almeida Júnior faria no decorrer dos anos: se dedicar a retratar São Paulo.

Encontra-se hoje na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, em Itu, cidade natal do artista.

2. O Cristo Crucificado, Almeida Júnior, 1889

Outra das poucas pinturas religiosas de Almeida Júnior, O Cristo Crucificado mostra mais uma vez a devoção do pintor. Como se nota noutras pinturas de Cristo do artista, o Mestre Jesus está revestido de uma intensa luz na cabeça, representando a iluminação que suas ideias proporcionam nas mentes humanas.

Encontra-se hoje em poder da Pinacoteca de São Paulo.

3. Jesus no Horto, Benedito Calixto, 1896

Dois temas inter-relacionados eram os mais recorrentes na arte de Benedito Calixto: o regionalismo e a religiosidade. No primeiro quadro do autor que se apresenta nessa lista, podemos ver Jesus Cristo em oração no Horto das Oliveiras. Calixto o retrata com uma luz divina à cabeça para mostrar que o Alto lhe ouvia quando pedia ao Pai que afastasse de si a crucificação, mas que mesmo que fizesse esse pedido, queria que a vontade de Deus fosse feita, e não a sua. Essa é uma das cenas mais lindas no imaginário da Civilização Ocidental e não é difícil imaginar o motivo de ter sido escolhida pelo pintor.

Encontra-se hoje no Museu de Arte Sacra de Santos.

4. Estudo para A Partida da Monção, Almeida Júnior, 1897

A primeira pintura histórica da nossa lista tem uma abundância de elementos regionalistas ao mesmo tempo em que é fiel à história. Almeida Júnior escolheu as retratar o último período do Bandeirismo - que compreende a época em que eram realizadas pelos Paulistas as grandes expedições fluviais continente adentro. Aqui colocamos o estudo em vez do quadro final, por esse conter cores mais vivas e tipos humanos mais bem dispostos. Na obra se notam elementos recorrentes na História Paulista, como a religiosidade, a ousadia e a coragem, a saudade e a vocação para o trabalho. 

O quadro original se encontra no Acervo do Palácio dos Bandeirantes, em posse do governo paulista.

5. O Violeiro, Almeida Júnior, 1899

O Violeiro é não o mais conhecido, mas o mais clássico dessa lista! Pertencendo ao pintor que mais obras teve representadas, essa tela retrata uma cena típica do São Paulo do século XIX e que persiste ainda hoje com algumas adaptações. Na janela duma casinha pequena e simples, um senhor de olhos fechados toca sua viola, enquanto que sua mulher, com um lenço no pescoço, o acompanha no vocal. Ao olhar o quadro, é quase possível ouvir uma música bem calma e agradável falando da vida no campo, no estilo de A Tristeza do Jeca.

Encontra-se hoje na Pinacoteca de São Paulo.

6. Saudade, Almeida Júnior, 1899

Enfim, o item mais famoso dessa postagem. Saudade foi pintada por Almeida Júnior no ano de sua morte e é talvez o único quadro seu que é largamente estudado nas escolas fundamentais de toda a América Portuguesa. Sinal de que a genialidade do pintor foi capaz de transpassar o preconceito com a temática de sua obra e com o lugar de seu nascimento.

Ao se olhar para a cena, percebe-se uma jovem moça perto da janela de sua simples casa, que carece de maiores acabamentos. A roupa que usa está hoje em desuso, mas dava seus últimos respiros no fim do século XIX. Com fortes elementos mouro-marrano-ibéricos, era a roupa usada pelas mulheres mais humildes da Nação Paulista em toda a nossa história, e só foi totalmente substituída pelas roupas mais modernas no alvorecer do século XX. Em vez de ocultar essa presença mais humilde que certas pessoas faziam questão de apagar, Almeida as pinta, do jeito que as vê.

Ainda mais simbolicamente, o sentimento que toma conta e dá nome à obra é a Saudade, emoção muito presente durante a vida dos Paulistas nos primeiros séculos, devido à partida dos homens em direção ao desconhecido, sejam nas Bandeiras ou nas Monções, deixando suas mulheres, filhos e demais parentes no lugar da partida. Não se sabe para onde foi a pessoa que tanto amava a moça, mas é visível a sua consternação ao olhar para o retrato ou para a carta que leva nas mãos.

Encontra-se hoje na Pinacoteca de São Paulo.

7. Anchieta na areia de Iperoig, Benedito Calixto, 1901

Essa pintura é especial por dois motivos. O primeiro é por ser de Benedito Calixto, um dos maiores paulistas que já existiram, historiador e pintor de mão cheia (ou melhor, suave). O segundo é por retratar José de Anchieta, o jesuíta basco que ajudou a cristianizar a Capitania de São Vicente. Na cena, em território tamoio e em meio às negociações de paz com a tribo agressiva, o padre escreve na areia o seu Poema à Virgem, declaração de amor a Maria de Nazaré feita durante um momento de contemplação. Como curiosidade, ao chegar em São Vicente, Anchieta transpôs de memória para o papel o poema com quase 6000 versos.

Encontra-se hoje no Museu Anchieta, na capital paulista.

8. Naufrágio no Sirio, Benedito Calixto, 1907

O Naufrágio do Sirio é uma obra muito diferente das outras produções de Benedito Calixto. Nele, em vez de retratar uma cena tipicamente paulista como costumava fazer, o pintor reproduz um naufrágio ocorrido na costa da Espanha. Transportando 1700 pessoas, dentre elas 700 imigrantes italianos, o navio Sirio afundou naquelas terras em 1906, matando 300 pessoas e deixando 200 desaparecidas. 

Algumas personalidades conhecidas foram vitimadas no episódio, como o prior da Ordem dos Beneditinos de Londres e o monsenhor José Camargo de Barros, então bispo de São Paulo. 

Calixto se usou duma técnica diferente para dar vida à cena. Antes de pintar, o artista desenhou tudo, deixando a tela com um aspecto assustadoramente real, nos evidenciando ainda mais o desespero dos que viam suas vidas afundarem nas águas do Mediterrâneo.

Encontra-se hoje no Museu de Arte Sacra de São Paulo.

9. Coeur Meurtri, Nicota Bayeux, 1913

Nicota Bayeux é a artista menos conhecida dessa lista, mas isso não a faz menos talentosa. Nascida em Campinas, estudou em Paris e, quando voltou à América, expôs seus quadros na capital brasileira, o Rio de Janeiro, tendo impressionado a todos com a beleza de Coeur Meurtri. O nome da obra significa Coração Machucado em francês. Nela podemos ver uma moça, com aspecto triste e cara cansada, que parece ter sido muito ferida por alguém.

Encontra-se hoje na Pinacoteca de São Paulo.

10. A Estudante Russa, Anita Malfatti, 1915

Sem dúvida alguma, A Estudante Russa é uma das mais famosas obras de Malfatti, junto com O Farol. Pertencente ao Pós-Impressionismo, a obra foi produzida no começo da carreira da pintora, enquanto ainda morava e estudava em Berlim. Por causa disso, há diversas técnicas alemãs na tela. 

Pertence à Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo.

11. A Fundação da Vila de Santos, Benedito Calixto, 1922

Calixto foi um dos mais geniais pintores históricos que o mundo teve. Vivendo no no fim do século XIX e começo do XX, pintou suas telas viajando ao passado por meio de documentos e desenhos que tinham séculos de vida. E pouco surpreenderia se dissessem que viajou realmente ao passado, tamanha a sua exatidão ao pintar as paisagens paulistas do passado. Além desse grande talento, Calixto era orgulhosamente paulista e graças a ele temos um imenso material no qual nos apoiarmos para estudos históricos, já que cada quadro seu é uma tese diferente. Em sua obra, pode-se ver que não se preocupava em colocar a história de SP relacionada com a história brasileira como alguns historiadores desesperados ainda hoje tentam fazer, mas apenas a retratava com ela era: seguidora de um caminho distinto, com poucas relações com o restante da colônia. E é por esses fatores combinados que figura na lista mais de uma vez. 

A Fundação da Vila de Santos também mostra para nós a tentativa de mostrar em suas obras a importância que sempre teve Santos para a Nação Paulista, tendo sempre sido um dos portos mais importantes para o nosso desenvolvimento e além disso cidade onde floresceram diversos ideais que contribuíram para o nosso estabelecimento enquanto vanguarda.

Atualmente, o painel está fixado nas paredes da Bolsa do Café, em Santos.

12. Operários, Tarsila do Amaral, 1933

O único quadro de Tarsila do Amaral na nossa lista é Operários. Demos prioridade a ele, e não à sua mais famosa obra, por ser muito mais ligado à realidade paulista que qualquer outro que tenha produzido a artista. Sendo do começo do século XX, a pintura retrata a diversidade racial e cultural dos operários das fábricas paulistas da época. Nela podem ser vistos homens, mulheres, negros, brancos, amarelos, árabes, novos, velhos etc., todos dedicados ao trabalho.

Encontra-se hoje no Palácio da Boa Vista, residência oficial de inverno do governador paulista.

13. Café, Cândido Portinari, 1935

Café está nessa lista por descrever uma fase importantíssima da nossa história. O ciclo do café foi a época em que São Paulo deixou de ser uma província de secunda categoria e se tornou um dos lugares mais prósperos da América, com uma economia pujante e um padrão de vida que se elevava cada vez mais. Foi com o dinheiro do café que a Nação Paulista se industrializou no fim do século XIX e conseguiu estabelecer seu papel produtivo no mundo. 

E essas conquistas só foram possíveis graças ao esforço daqueles que empreenderam e arriscaram seus investimentos nessa cultura e também daqueles que trabalharam incessantemente nas lavouras de café, sejam eles negros, caboclos ou europeus imigrantes - e são exatamente essas pessoas as retratadas nesse quadro.

14. Guerra e Paz, Cândido Portinari, 1956

Portinari é o artista paulista mais conhecido internacionalmente e, a despeito de suas crenças e controversas, foi um exímio pintor. Guerra e Paz foram suas últimas pinturas e são suas obras mais conhecidas. Encomendadas pelo governo brasileiro, elas retratam os seres humanos em tempos de paz e em tempos de guerra. A obra é distribuída em dois painéis que estão hoje no prédio das Nações Unidas. Esse seu derradeiro trabalho parece não só se inspirar no quadro Guernica, de Picasso, mas também superá-lo.


No painel da Paz, vê-se pessoas alegres, pulando, dançando, cantando, levando uma vida normal. Portinari usa nele tons mais amenos para que se possa sentir a luz que paira sobre nós quando temos épocas pacíficas, tempo em que as ideias podem florescer e as pessoas podem se amar sem reservas.


No painel da Guerra, vê-se pessoas tristes, com expressões de medo, desespero e consternação Portinari usa nele tons mais escuros para que se possa sentir os gritos de desalento vindos das pessoas que sofrem durante a Guerra.


Ainda no da Guerra, o pintor retrata os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, figuras recorrentes no imaginário ocidental em se tratando de épocas difíceis e tenebrosas.

15. O Cristo/Complacência, Vicente Caruso, sem data

Poucos sabem quem foi Vicente Caruso e qual é sua importância pra arte de São Paulo, mas não há dúvidas que a maioria das pessoas de São Paulo já topou com pelo menos uma de suas obras durante a vida, mesmo que não tenham se dado conta. A imagem de Cristo feita por ele é inegavelmente uma das mais famosas na América Portuguesa. Durante muito tempo, as pessoas mantinham em casa cópias da famosa obra do pintor para que pudessem ter um quadro de Cristo em seu lar. Se Caruso tivesse pintado apenas o Cristo em sua vida, já poderia ter se sentido pleno, tamanha é sua importância para nós.



E você? Acha que há alguma obra que deveria ter entrado nessa lista ou que deva entrar numa próxima? Qual é a sua obra de arte paulista favorita? Divida connosco!

- Lucas Pupile 

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2 comentários:

  1. Muito legal! Quadros que seguramente devem ou deveriam ter destaque internacional!

    Parabéns ao povo paulista!

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  2. Viva São Paulo, a terra de todos os paulistas!Avante em prol do Brasil

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