sexta-feira, 5 de maio de 2017

Até onde se estende a Cultura Paulista?


Muitos imaginam que quando falamos de Cultura Paulista (sobre a qual falaremos em detalhes mais adiante) apenas nos referimos à cultura encontrada hoje em São Paulo. Embora isso seja uma crença de muitos, ela não é verdadeira, pois a nossa cultura se espalha por todo o interior da América do Sul, estando presente em diversos estados da América Portuguesa.

Para entender por que ela se estendeu de tal maneira, é preciso voltar 400 anos no tempo. Quando os Bandeirantes começaram a partir de São Vicente, Santos, São Paulo de Piratininga e outras cidades rumo às matas inexploradas do nosso continente, eles levaram consigo para outros lugares valores, hábitos e costumes que pertenciam somente a nós. Conforme iam percorrendo as matas e interagindo com novos nativos, absorviam hábitos locais e forneciam hábitos de si próprios para aqueles que encontravam.

(Praça do Bandeirante, Goiânia, Goiás. Créditos na foto)

Cada povoação que fundavam era colonizada por Paulistas que levavam tudo daqui até lá. Como as Bandeiras foram responsáveis por aumentar as fronteiras do Império Português, boa parte do que hoje se conhece como Brasil foi desbravada e conquistada por Paulistas

Essa área cultural é chamada hoje pelos estudiosos de Paulistânia ou de São Paulo Grande, pois abrange a extensão máxima de todos os hábitos, costumes e valores paulistas, tal como os Países Catalães representam toda a extensão da cultura catalã.

(Países Catalães. Imagem de Wikipédia.)

Mas até onde, precisamente, essa cultura conseguiu chegar e permanecer? É o que responderemos no nosso mapa!

(Imagem confeccionada por Vinícius Lima, da equipe OSP)

Como podemos ver, toda essa área colorida com cores vivas pertenceu um dia a São Paulo, tendo estado dentro das nossas fronteiras por determinado tempo. Os tons de cinza são áreas que nunca foram de São Paulo, tanto na América Portuguesa quanto na Hispânica. Os tons mais claros são áreas que hoje pertencem aos estados lusófonos, mas que não pertenciam até o último desmantelamento da Província de São Paulo.

As áreas hachuradas são regiões que têm uma cultura híbrida, com uma influência paulista, como no caso da região central de Minas Gerais, ou com uma base paulista, como no caso do centro do Paraná.

Dentre o que já foi nosso, há uma cidade do atual Rio de Janeiro, pedaços consideráveis do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, além de todo o território correspondente ao Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais.

A seguir a nossa linha do tempo territorial:

1) São Paulo

(Rua 13 de Maio em Campinas, por @appelfeler) 

Atual território da Nação Paulista. Adquiriu sua forma atual em 29 de agosto de 1853 por meio da lei 704, mas somente nos anos 1920 e 1930 é que as contendas territoriais tiveram fim, com o estabelecimento, por tratados, das divisas de São Paulo com o Paraná, o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Presentemente, encontra-se ocupado pelo Brasil e não tem soberania sobre seu território, nem representação perante as Nações Unidas.

2) Minas Gerais

(Igreja São Francisco de Assis em Ouro Preto, antiga capital das Minas Gerais, do site Partiu Pelo Mundo)

Após a Guerra das Emboabas, São Paulo perdeu muito prestígio ante os governos metropolitano e colonial, além de mergulhar em extrema pobreza. Em 1709, a Coroa comprou a Capitania de São Vicente e criou a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, porém insurreições continuaram a acontecer na região das minas, o que fez com que em 12 de setembro de 1720, como consequência da Revolta de Vila Rica, o rei Dom João V de Portugal decretasse a criação da Capitania das Minas Gerais.

3) Paraty

(Luís Perequê, cantor caiçara natural de Paraty)

Em 1727, a cidade de Paraty volta ao controle da Capitania do Rio de Janeiro após passar 7 anos sob poderio paulista. A povoação já havia outrora pertencido à Capitania de São Vicente e agora voltava ao poder fluminense devido à sua posição de porto estratégico.

4) Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Dois grandes territórios da Bacia do Prata já pertenceram aos paulistas. A importância da região para o controle do rio da Prata, a necessidade da hegemonia portuguesa na região e outros motivos políticos fizeram com que, em 1738, o rei Dom João V desmembrasse de São Paulo parte do território dos atuais estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul para formar a Capitania de Santa Catarina, que posteriormente seria dividida em duas, a fim de dar origem à Capitania do Rio Grande de São Pedro.

5 e 6) Mato Grosso, parte Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, DF, Tocantins e Triângulo Mineiro

(Cidade de Goiás ou Goiás Velho, primeira capital de GO, do site Bela Arte)

Em 9 de Maio de 1748, em consequência da descoberta de ouro e diamante no centro-oeste da América Portuguesa, são desmembrados de São Paulo os territórios que compreendem atualmente o Mato Grosso do Sul, o Mato Grosso, Rondônia, Goiás, o Distrito Federal, o Tocantins e o Triângulo Mineiro para dar origem à Capitania do Mato Grosso e à Capitania de Goiás. Ainda nesse mesmo ano, a Capitania de São Paulo perde a autonomia administrativa e fica durante 17 anos sob a posse do Rio de Janeiro. O ano de 1748 representa a maior perda territorial da história para a Capitania de São Paulo.

7) Sul e Sudoeste de Minas Gerais

Em 24 de setembro de 1764, durante os anos em que a Capitania de São Paulo carecia de sua autonomia de jure, o governador de Minas Gerais, Luís Diogo Lobo da Silva, anexa a margem esquerda do rio Sapucaí, estendendo os limites mineiros até a atual fronteira SP-MG, aproximadamente.

8) Lages

A única povoação paulista ao sul da Comarca de Curitiba era Lages – que havia continuado em posse de São Paulo após a criação da Capitania de Santa Catarina. Em 9 de setembro de 1820, por alvará, o rei Dom João VI transfere a tutela da cidade para a capitania criada em 1738.

9) Paraná

(Maringá, cidade projetada por Paulistas, atualmente um pedaço de São Paulo dentro do Paraná)

A última perda de São Paulo ocorreu como punição por uma revolta, tal como as grandes perdas do século XVIII. Em 1842, em decorrência de medidas centralizadoras e de confusões eleitorais, os liberais de São Paulo e Minas Gerais vão às armas. Terminam derrotados. Em virtude disso, a Comarca de Curitiba, compreendendo quase metade do território paulista, é desmembrada de São Paulo em 29 de agosto de 1853, criando, meses depois, a Província do Paraná.

O Legado 

(O Violeiro, Almeida Júnior, 1899)

Em todos esses lugares a cultura paulista ou influenciou até certo grau , como em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Tocantins, ou ainda é inteiramente a cultura local, como no caso do Mato Grosso do Sul, norte do Paraná e outros lugares - onde ainda é possível ver uma culinária toda originada em São Paulo, assim como a propagação de ritmos e danças paulistas como a moda de viola e a catira ou o consumo do tereré.

Isso não quer dizer que São Paulo queira esses territórios para si. Anexar pela força qualquer lugar vai contra os princípios pelos quais os Paulistas se norteiam. Porém, nós da Orgulho de Ser Paulista queremos celebrar a cultura em que estamos inseridos, esteja ela onde esteja. E não poderíamos fazer isso sem ter um carinho enorme por todas essas regiões que ainda conservam aquilo que saiu daqui junto aos nossos Bandeirantes. Todos esses lugares têm um espaço imenso no nosso coração

- Lucas Pupile 

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5 comentários:

  1. Parabéns pela matéria,uma bela e ilustrada aulá de nossa história Paulista.

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  2. Caso Sao Paulo consiga se separar do Brasil, Goias tbm ir junto? Fazendo parte do mesmo pais?
    Sou Goiano filho de Paulista, e me honra ter meu estado construido pelos heroicos bandeirantes.

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    1. e o que sp deixou em go?as igrejas de go velho sao bem inferiores ao que os emboabas construiram em minas ba pe o boom tardio de go veio do df construido por candangos emboabas que migraram tambem pra sp gerando auge demografico e economico dali pois colonia e pos italianos

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    2. ate gaucho pos colonial dos euro tardios devem ter plantado mais soja em go e pib que sp kk

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