Ilustração mostrando a percepção que tinham os Paulistas acerca da situação de exploração em que vivíamos no início do século. |
Mas mesmo que fosse uma ideia recorrente, ela não foi utilizada como bandeira pelos revoltosos, mas ressoou em círculos restritos dentre alguns poderosos da sociedade paulista e entre alguns intelectuais e artistas de prestígio da época, dentre os quais se destacaram o presidente do Tribunal de Justiça, Costa Manso, os escritores José Alcântara Machado, Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida e o historiador Alfredo Ellis Junior.
Alfredo Ellis Júnior como combatente, do jornal A Gazeta, 1932. |
Circulou ainda na época uma publicação chamada 'O Separatista' e na edição de Janeiro de 1932 podemos encontrar trechos como:
«O separatismo paulista não é um ideal novo. Sempre existio. Se hoje porém a vontade de separar São Paulo desse Brasil tropical é uma ideia triumphante que se apoderou da maioria dos paulistas, é porque mais que nunca sentimos quanto nos custa esse pezo morto, quanto elle nos embaraça, quanto elle é differente de nós, quanto elle nos odeia.» (sic)
O dever a cumprir é lutar para que São Paulo exista. |
Ainda no periódico o texto continua e em seu rodapé traz pequenos fatos como «Santos dá por dia ao governo federal mais do que Rio Grande dá num mez» (sic), sendo essa uma citação de Oswaldo Aranha. Ainda havia trechos explicando o separatismo e refutando a impossibilidade do mesmo lembrando de como a Irlanda conseguiu sua independência da nação mais poderosa do planeta na época.
Guilherme de Almeida, o mais ilustre poeta paulista, também combateu em 1932 |
Maiores detalhes são escassos devido à perseguição varguista aos paulistas no pós-guerra. Vale lembrar que até o prestigiadíssimo Monteiro Lobato foi vítima do ditador, manifestando após os episódios um descontentamento e raiva muito maiores que os exibidos por Júlio Prestes no exílio. O mesmo rancor foi expressado por Mário de Andrade após a derrota paulista. O escritor modernista não conseguiu se conformar com o desfecho dessa história. Não era possível viver sabendo que a própria terra fora conquistada e abusada enquanto muitos aplaudiam.
Ao fim de tudo, conclui-se que essa corrente estava certa quanto ao melhor destino para a Nação Paulista. Essa ideia de independência, subestimada outrora, agora se mostra a mais adequada para conservar a integridade dos Paulistas. Podemos e devemos tirar lições da nossa história. Se os independentistas tivessem sido maioria em 1932, e se tivéssemos nos separado, quantas vidas não seriam poupadas? Quantos problemas não teriam sido evitados? Quanto de progresso São Paulo já não teria alcançado sem essa âncora que é o Brasil?
As respostas para todas essas questões não são fáceis de serem dadas. O que importa disso tudo é o que faremos com os nossos destinos a partir de agora. Repetir os erros ou fazer acertos? O tempo responderá.
ANDRADE, Manuel Correia de. As Raízes do Separatismo no Brasil. Editora UNESP, 1998.
ANDRADE, Manuel Correia de. As Raízes do Separatismo no Brasil. Editora UNESP, 1998.
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