sábado, 24 de junho de 2017

A Liberdade ou a Escravidão? A escolha é tua!

Esse artigo se propõe a discutir a posição da Nação Paulista ante o Brasil de acordo com a filosofia política. Escolhi a abordagem hegeliana da escravidão, que julgo muito adequada pra explicar a situação em que os paulistas estão envolvidos. O sistema de servidão de povos funciona mais ou menos da mesma maneira que o dos indivíduos, porém de maneira muito mais cruel.

Primeiramente devo deixar claro, caso alguém não saiba, que São Paulo em 2014 passou para o governo federal 480 bilhões de reais e recebeu de volta menos de 30. Menos de 30 bilhões para os 42 milhões de paulistas.

Você recebeu apenas cerca de 6% dos impostos que pagou em 2014 e o resto ficou detido em Brasília e foi para o ralo ou para o bolso de vocês sabem quem. E assim foi em 2015 e 2016. E devo esclarecer que essa não é uma política exclusiva do atual governo brasileiro e sim de todos desde o Golpe de 1930. Você está há 85 anos sendo estuprado e não sabia. E ainda acrescento: na Monarquia não era nada diferente.

Cartaz veiculado em 1932 e que passou posteriormente a representar o desejo de liberdade.
Nessa relação entre Brasil e São Paulo um perde e o outro ganha. Mas o que perde ilude-se e acha que ganha. Hegel definiu isso como relação Senhor-Escravo. Nela, o que prefere a liberdade à vida torna-se Senhor e o que prefere a vida à liberdade torna-se Escravo. O escravo não luta para se libertar porque tem medo de perder a vida ou seu sustento enquanto tenta. O escravo não sabe imaginar sua existência sem seu senhor. Já o senhor prefere morrer a ser escravo e usa a força para manter essa realidade. 

A Guerra Paulista de 1932 foi uma insubordinação dos escravos, sendo realmente poucos e seletos os que queriam a independência de SP.
Os paulistas são escravos e ainda por cima pensam como o arquétipo de escravo de Hegel. Isso se reflete nos argumentos do tipo «Mas não seria mais cômodo rever o pacto federativo e ficar no Brasil?» ou «Independentes não conseguiremos nos virar nem na diplomacia. Quem nos reconheceria?» ou ainda «Pra quem iremos vender nossos produtos se não houver os outros estados para comprar? E a matéria-prima.». E assim o paulista permanece nesse estado mental de escravo POR QUE QUER, pois pra todos esses questionamentos existe uma resposta que, no geral, é solenemente ignorada.

A Constituição de 1891 foi a primeira do Brasil a garantir ampla liberdade aos estados, porém foi sendo centralizada aos poucos até ser totalmente abolida no Golpe de 30. Foto: Novo Milênio
Mas o Senhor não consegue imaginar sua existência sem o escravo, pois a sua própria só faz sentido se ele tiver o escravo para fazer seu trabalho. Ora, sem escravo ele não seria senhor. Se ele não é senhor, o que ele é? Isso se reflete na própria legislação acorrentadora brasileira, já que a Constituição tem como cláusula pétrea que a união dos estados é INDISSOLÚVEL. Quer dizer que o Brasil não pode existir sem uma de suas colônias, digo, estados? 

E acrescento ainda os argumentos de deboche dos brasileiros «São Paulo não pode se separar do Brasil sendo que nem tem água!» ou «O que vai ser de São Paulo sem o Brasil? Não sobrevive nem um mês»”. É o clássico comportamento de tortura psicológica que os senhores faziam em seus escravos «Se eu não te der comida, quem te dará?» ou «Não devemos abolir a escravidão, porque, sem senhores, quem dará de comer aos escravos?» para tentar convencê-los de que não é possível andar com as próprias pernas.

Síndrome de Estocolmo. Créditos na foto.
Porém, Hegel, que dizia que «a liberdade só se conquista ao colocar a vida em risco», afirmava que quando o escravo luta por sua liberdade ele se torna mais livre que seu senhor, pois experiencia a percepção de sua própria existência – sem depender de outro que o acorrenta. Ao ver a Paulista cheia de bandeiras e camisetas do Brasil, a única coisa que consigo pensar é que o paulista é o estuprado/sequestrado que se apaixona ferozmente por seu estuprador/sequestrador. O paulista insiste em sua síndrome de Estocolmo. E quem poderá curar os paulistas, senão eles mesmos?

Antes da liberdade na prática, enfatizo que é importante livrar-se da condição mental de escravo, é preciso contestar. Parafraseando o escravo americano Frederick Douglass que, fugido, foi devolvido ao 'dono': «não importa quanto tempo eu continue escravo na prática, pois já passou para sempre o dia que serei escravo de fato».

Você quer ser livre ou quer continuar escravo? É a hora da escolha.

Paulista, defende tua terra!

Independentistas na capital paulista. Créditos na foto.
- Lucas Pupile

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quinta-feira, 15 de junho de 2017

Sönksen: A Fantástica Fábrica de Chocolates Paulista


O icônico logotipo, presente em todas as embalagens e reconhecido de longe pelos olhos dos consumidores. Créditos: São Paulo Antiga.

Se hoje, São Paulo pode se orgulhar por ser berço de uma das maiores marcas de chocolate do mundo, a Cacau Show, também merece lembrança outra grande empresa que marcou gerações e se transformou em lenda: a Sönksen. Apelidada de "a fantástica fábrica de chocolate paulista", em alusão ao livro de 1964 cujo personagem principal é Willy Wonka, esta famosa marca operou por mais de 100 anos, fabricando doces sempre com excelência e bom gosto.


Uma das lojas Sönksen: marca inaugurou o conceito de lojas próprias, sistema hoje adotado por empresas paulistas como Kopenhagen e Cacau Show. Créditos: Estadão.

Tudo começou ainda em fins do século XIX, quando São Paulo, especialmente a capital e Santos, começaram a experimentar mudanças causadas pela próspera riqueza que advinha do café e da industrialização. De repente, um lugar totalmente isolado e com vida própria abria as portas ao mundo para receber milhões de pessoas, e junto com elas novidades tecnológicas, produtos novos e uma vasta infinidade de "modernidades". Foi neste contexto que Alfredo Richter, em 1888, abre a La Bomboniere, uma das primeiras lojas de doces de São Paulo, localizada no centro da capital. Com ajuda de sua mulher, Alwine Sophia Sönksen, que tinha uma visão extremamente arrojada para negócios, transforma a pequena porta comercial em uma "mini-indústria" de doces da região, tornando-se a primeira fábrica de chocolates do país. E desde o seu início, graças à visão de Alwine Sophia, possuía uma grande estratégia de marketing que ia além da venda de chocolates especiais para a Páscoa, sendo comemoradas pela empresa outras datas como Natal e Dia dos Namorados, com produtos únicos e exclusivos.

Entretanto, um revés acometeu a empresa: em 1904, seu fundador falece, e Sophia decide vender a empresa para um investidor, João Faulhammer. João, buscando atender ao crescimento da empresa, limitado pelas pequenas instalações do bairro da Sé, inicia a construção de uma fábrica fora da região central, na Rua Vergueiro na região da Liberdade, um projeto ousado para o que era até então uma doceria com uma pequena produção industrial. Endividado, o empresário se vê obrigado a colocar a empresa a venda, e aproveitando a oportunidade, Sophia e mais dois irmãos Sönksen readquirem a companhia e alugam o prédio da fábrica ainda em construção: em 1912, estava fundada a Christian Sönksen & Cia., que já contava com uma segunda loja na Rua XV de Novembro. Mas as relações entre as duas famílias não se encerram aí: em 1920, a filha de João Faulhammer se casa com um dos proprietários, Augusto Sönksen, e se torna uma dentre as mulheres que, com visão e empreendedorismo, motivaram o crescimento da empresa ao longo das décadas iniciais do século XX.

Seguiu-se então um crescimento meteórico, destacando-se não só os chocolates, mas as famosas balas que todos que provaram dizem que eram de um gosto inesquecível. Motivou também a criação de outras lojas inicialmente dentro de São Paulo capital e em seguida também de outras cidades, como Santo André, sendo precursora do sistema de lojas próprias, receita seguida com sua "herdeira cultural", a Cacau Show, e outras empresas como Kopenhagen e Ofner. Era o diferencial ante a grandes fábricas como Nestlé e Garoto, que não possuíam lojas exclusivas de suas marcas, sendo encontradas apenas em supermercados e empórios.

Sucesso absoluto de vendas, os produtos da Sönksen conquistavam de crianças a adultos. Créditos: São Paulo Antiga.

A linha de produtos era vasta, mas destacam-se as balas vendidas em latas de metal, cujos sabores contavam até com opções de cevada e amendoim, e o famoso "Urso Marrom", um tablete de chocolate ao leite fino. Contava também com opções variadas de caixas e tabletes de bombons, barras, balas, pães de mel, línguas de gato e outros produtos hoje comuns, mas raros para a época: eram 150 produtos diferentes. E esqueça Nestlé, Garoto e outras: a Sönksen foi, por muitas décadas, líder do mercado nacional de chocolates e doces.

Entretanto, como era uma empresa familiar, começaram a haver problemas quanto à sucessão administrativa. A empresa, por volta da década de 1960, com seus proprietários já envelhecidos, "parou no tempo", com um sistema de distribuição de produtos antiquado e desinteresse por parte de alguns herdeiros. Passada de mão algumas vezes a partir de 1977, quando foi vendida pela família endividada mas ainda detentora de 30% do mercado, é adquirida pela sua maior concorrente no varejo de chocolates, a Casa Falchi. Entretanto, devido a uma série de fatores, Sönksen e Falchi caminharam juntas para o fim, anunciado em meados de 1983. 

Já em período de falência, a empresa seguiu a produção por mais algum tempo, quando os atrasos nos salários motivaram uma greve que culminou com o incêndio e destruição da fábrica, quase 100 anos depois daquele modesto início como uma pequena venda na Rua Líbero Badaró, e cuja trajetória foi marcada por mulheres empreendedoras e ambiciosas, que a transformaram numa das principais empresas de alimentos do país, marcando gerações e sendo elevada à categoria de "lenda" para os que infelizmente não puderam provar os sabores da Sönksen. 

Hoje, as caixas em lata das famosas "azedinhas" são objetos vintage e disputadas a tapas em leilões e antiquários. Foto: Estúdio Fainhand.

Por Thales Veiga.


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