Imagem confeccionada por Vinícius Lima, da Equipe OSP. |
Almeida Júnior é o nosso mais fabuloso pintor e hoje completam-se 167 anos de seu nascimento. Tendo partido cedo pra estudar na França como discípulo de Alexandre Cabanel, o pintor voltou com as mais avançadas técnicas artísticas e se consagrou como o maior pintor Paulista de todos os tempos, representando principalmente o Realismo.
Nosso nobre artista viveu os últimos anos da Monarquia e na República das Espadas. Essa época era caracterizada pelo menosprezo às figuras regionais, vistas como incivilizadas e representantes da desunião nacional (o que só mudaria, ainda que pouco, com o advento da Constituição de 1891). Mas ao contrário de seus contemporâneos, o ituano não viu o caipira pejorativamente, como exemplo duma espécie degradada e impotente ou simplesmente como miseráveis. Mais do que isso, viu «herdeiros duma tradição gloriosa para os Paulistas», em suas palavras.
O Violeiro, 1899, Realismo. Atualmente se encontra na Pinacoteca de São Paulo. |
Em algumas publicações da época, louvaram o pintor que «com uma paciência de beneditino estudava toda a vida paulista no seu estado de pureza primitiva». Sua produção fazia questão de retratar São Paulo na sua ancestralidade simples e cabocla, aquela ancestralidade que o paulista de hoje (e, mais acentuadamente, o paulistano) tanto luta por esquecer.
Nessa
pintura, «Nhá Chica», de 1895, vemos a figura feminina, tão presente na
obra desse Paulista. A modelo é mostrada na janela, usando roupas
simples: uma blusa branca de decote redondo sob uma saia cor-de-rosa,
com pequenas estampas brancas e várias pregas. No pescoço, ela traz um
cordão que vai se esconder debaixo da blusa, possivelmente com uma
medalha, tão comum à época.
Nhá Chica, 1895, Realismo. Atualmente se encontra na Pinacoteca de São Paulo. |
Nhá Chica, com seu enorme pito,
olha para fora da janela com um olhar distante, como se não enxergasse
nada além da saudade. Acima do pito pode-se ver a fumaça que sai do
canto esquerdo de sua boca, em direção à abertura da janela. Seu rosto
sereno e envelhecido, visto de perfil, mostra inúmeras rugas, retrato de
sua experiência de vida. O cabelo preso num coque, deixa cair alguns
fios pela testa. A mão direita, com suas veias salientes e dedos
maltratados, próxima à tramela, descansa sobre o peitoril de madeira da
janela, onde também se encontra uma cafeteira de lata.
Assim
como em «Saudade» (1899), o personagem da tela está num ângulo em que não
pode ver aquele que o assiste. Almeida deixa o observador livre pra
olhar, sem jamais temer que a pessoa do quadro olhe pra si, como parece
olhar a Monalisa, na tela de Da Vinci.
Saudade, 1899. Atualmente se encontra na Pinacoteca de São Paulo. |
E é por sua genialidade, bem como sua fidelidade às raízes que é considerado o maior pintor que a Nação Paulista já teve. Ninguém na pintura conseguiu representar tão bem a nossa alma quanto ele.
Artigo inspirado no trabalho acadêmico de Rodrigo Naves, «Almeida Júnior, o sol no meio do caminho».
- Lucas Pupile
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