sexta-feira, 10 de março de 2017

Sou Caipira, Pira, Pora

Imagem da série «Os Tropeiros» via Tropeiros do Paraitinga


Uma das mais lindas músicas em português - e, quiçá, uma das músicas mais lindas de toda a história -, é paulista. A composição é do Renato Teixeira, Paulista de Santos, e se chama «Romaria». Todo paulista certamente já a ouviu uma vez na vida, pelo menos. Mas caso alguém aqui não a tenha escutado, a escutará agora.

O eu-lírico é um rapaz do campo que expõe seus sentimentos e sua devoção à Nossa Senhora de Aparecida. Ao fazê-lo, conta a sua história e de sua família. Uma das primeiras coisas a falar é que o pai era peão e tinha de sair pra trabalhar a fim de sustentar a casa, deixando solitária sua mãe, que consigo ficava.

Ainda conta que seus irmãos tiveram pobres destinos, tendo ele mesmo se perdido certa vez na vida, não conseguindo muitas conquistas, desacreditando assim na sorte. Mas, apesar de tudo, pede que Nossa Senhora seja seu guia e que lhe ajude a consertar a vida. Roga, ainda, paz quando tiver de sofrer.

A canção retrata o mais fundo da alma dos Paulistas. Desde a necessidade do trabalho à devoção cristã que fez e ainda faz parte da nossa história. O cântico foi capaz de conquistar inúmeros povos de língua portuguesa e encanta mesmo os que não falam nossa língua. «Romaria» foi interpretada e/ou regravada por inúmeros cantores, dentre eles a gaúcha Elis Regina, a paraense Fafá de Belém, a maranhense Alcione, os mineiros Paula Fernandes e Fábio de Melo, a brasiliense Tânia Mara, a baiana Ivete Sangalo, a paulista Maria Rita, o paranaense Michel Teló, o sul-mato-grossense Almir Sater, o português Paulo Bragança e, por fim, os paulistíssimos Daniel, Sérgio Reis e Inezita Barroso, além de outros.Também é possível encontrá-la em castelhano.

Eis a letra do clássico:

«ROMARIA (Renato Teixeira)

É de sonho e de pó, o destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó, de gibeira o jiló
Dessa vida cumprida a sol

Sou caipira, Pirapora, Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora, Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

O meu pai foi peão, minha mãe, solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
Em busca de aventuras
Descasei, joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca vi

Sou caipira, Pirapora, Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora, Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

Me disseram, porém, que eu viesse aqui
Pra pedir em romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar

Sou caipira, Pirapora, Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora, Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida»


Interpretações mais famosas: 

Renato Teixeira


Paula Fernandes e Tânia Mara


Fafá de Belém


A Lendária Inezita junto a Renato Teixeira


Que impressões você tem acerca dessa música? Acha que ela retrata a essência devota do caipira? Pensa que ela tem poder de unir os Paulistas à sua origem? Divida as suas opiniões connosco!

Por Lucas Pupile

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